Ano de 2006, foi quando veio a inspiração do Caminho da Prece.
Desde que iniciei lá em 2000 e vejam que já se foram 6 anos de peregri-nações, vinha recebendo muitas perguntas sobre o que fazia e a maioria dizia a mesma coisa que pensava muito de fazer o Caminho, mas achava muito lon¬ge com vários dias fora de casa, da família, trabalho e não sabiam qual a rea¬ção do corpo, tinham medo de dar trabalho e decepcionar. Enfim, queriam, mas não tinham preparo e aquela confiança para iniciar, estavam inseguras. Sempre sentia nas palavras deles muita vontade de começar e isso se tornou frequente no meu dia a dia, estivesse onde fosse seja na fila do banco, no supermercado, na igreja, lanchonete, no futebol e muitos outros lugares, até quando estava tomando umas não importava, alguém vinha e já entrava no assunto, tentava incentivá-los, mas ainda era pouco e esses questionamentos foram muito me incomodando. Pensei, tenho de dar um jeito para pôr esse povo no Caminho, algo precisa ser feito, mas o quê? Perguntava sempre para Deus e Nossa Senhora qual solução, rezava pensando nisso e sentia que não me decepcionaria como nunca me aconteceu, eu sim que muitas vezes os decepciono, sei disso. Novamente no Caminho da Fé, como em todo Caminho que faço rezo um terço de manhã e outro à tarde e foi num desses dias acho que quase escurecendo com meu terço nas mãos rezando, nesse momento caminhava só, me veio a inspiração:
“Polly, porque não faz um Caminho de Jacutinga para Borda e já veio o nome ‘Caminho da Prece’ e será um Caminho de agradecimentos.”
Essas foram as primeiras palavras que me vieram. Nessa hora já pensei em todas aquelas pessoas que vinham até mim, confesso que foi um momen¬to ímpar de muita luz, senti e ouvi a Mãe de Deus falando comigo e se não me falha a memória estava próximo de Crisólia, onde pernoitaríamos naquela noite. Pois bem, assim agradeci muito feliz terminando meu terço e sabia que existia um Caminho, mas por asfalto e isso não queria, asfalto não! Guardei segredo e não contei nada a ninguém, porém até chegar em Aparecida não saia da cabeça, sei que devemos ir por partes e com calma, nesse momento nosso objetivo é chegar em Aparecida com o grupo e assim fiz, mas pude aproveitar esses dias para rezar e já imaginar…
Nem sabia se existia um Caminho por estradas de terra de Jacutinga a Borda da Mata, mas como sonhar não custa nada, então sonhei e já sonhei bem alto com peregrinos, sinalização, credencial, certificado, ponto de apoio, termo de responsabilidade e tudo mais que precisava, vivia isso constante¬mente nos meus pensamentos. Depois que retornamos de Aparecida, em casa comecei a perguntar para moradores da região se conheciam algo a res¬peito e para minha alegria disseram que se conseguiria ir daqui de Jacutinga para Borda da Mata por estradas de terras, ambas aqui no Sul de Minas. Pensei, caramba será possível… (forma de expressar pois era o que mais queria), continuei minhas pergun¬tas para outras pessoas e a resposta foi a mesma.
Numa linda manhã de domingo, com caderno e caneta na mão zerei o velocímetro do carro, saí por esse “tar” Caminho e fui marcando tudo princi¬palmente os nomes dos lugares, encruzilhadas, bairros, etc. Anotei tudo que imaginava ser útil e ainda de quebra passava na estrada, ao lado do sítio do meu tio, aproveitei para tomar 1 café, é claro né. Consegui passar com o car¬ro por todo o Caminho, que beleza! Enfim, quase meio dia chego em frente à igreja de Nossa Senhora do Carmo em Borda da Mata, hoje Basílica Menor. Olho no velocímetro do carro total 71 km e disse para mim mesmo:
“Taí, dá para fazer em dois dias e pensei de imediato, vou fazer…”
E assim nasce o maravilhoso Caminho da Prece, o Anjo do Sul de Minas.